quarta-feira, 5 de março de 2014

Veja isso!



                       No ato do consumo, ou mesmo da escolha do público por um veículo de transmissão, não somente toma-se em conta o conteúdo, mas o discurso. Sendo assim, a “conceituação” atribuída pelo público fica enraizada na construção de uma imagem intencional do veículo, para atingir os espectadores.
            Assim, como dissemos na matéria anterior, o público não tem tido acesso aos acontecimentos ‘detalhados’ sobre as manifestações em São Paulo. Eu diria, mais especificamente, sobre a relação entre manifestantes e policiais. Os líderes dos grupos de manifestos populares (pequenos em relação às emissoras de TV) possuem esses vídeos e compartilham da maneira que podem. Porém, com a falta de “espaço” disponibilizada para exibição na grande mídia (lembrem-nos, também, dos jornalistas e fotógrafos que tiveram seus equipamentos destruídos), acabam nas mãos de quem já possuía tais expectativas e/ou informações. Enquanto isso, o grande contingente que só busca acesso da grande mídia nos permite deparar com opiniões como aquelas outrora já comentadas: “tem que matar mesmo”. Ou ainda: “adote um bandido”!
            De maneira ousada, sugiro que tais comentários tenham sido proveniente da falta de informação e/ou da busca de perpetuar (por meio de seu ofício público) uma posição política. A diversidade de vozes conhecida como polifonia é rica, desde que haja coerência; seja adequada ao público e ofereça o conteúdo correto e detalhado aos espectadores.
            Começo pelo caso daquela militante chamada pela revista Veja de: “A fada da baderna”. E, para poder começar criticando o título tive o cuidado de consultar no dicionário, o significado da palavra “baderna” para evitar correr o risco de estar me apegando a valores pessoais, impregnados de representações imaginárias.  Vejamos, pois:

 Baderna: “1. Turma boêmia e bagunceira; 2. Boêmia, noitada: era um estudante que gostava da madrugada e só vivia na baderna. 3. Bagunça: confusão, desordem; anarquia: essas torcidas organizadas gostam mesmo  é de uma baderna![1]

            Concluímos pelas definições acima a rotulação de uma militante que, segundo a revista mencionada, resume-se a uma “menina” (anarquista) bagunceira, adepta de muitas noitadas e que só vive criando confusão. Será que ela também não é amiga; confidente; filha; prima; sonhadora? Nunca teve o coração partido, nem pegou uma virose qualquer? Parece que ela se transformou no que a grande mídia condensou, assim como todo e qualquer manifestante, dos atos de 2014.
            Não sou a favor da desordem e da agressão, como deixei claro na primeira matéria, e meu objetivo aqui, ainda, é que tiremos os olhos da manifestação, como temos notado até então, e nos atentemos aos manifestantes com olhar crítico e sem que nos utilizemos de um “recurso metonímico”, ou seja, tornar uma parte, o todo.             Pretendo atingir a linha do meio, que aceita as vozes e dialoga, reflete, critica e não agride para, doravante, defender um ponto de vista.
            Ainda sobre a matéria, chama-me a atenção o fato de a revista suscitar que “alguns partidos políticos” enxergam os Black Blocks com benevolência: quais e por quê? Não podem ser vistos assim? Vivemos numa ditadura? Como deveriam ser vistos, ou melhor: como vocês querem que sejam vistos e por quem (quantos)?

            Sobre os participantes do Black Blocks, dizem que “o grupo carrega nos ombros” (como uma cruz) “uma morte” (a do cinegrafista). TODOS? São todos culpados?  E, na mesma frase, com tom suave e “elucidativo”, afirmam que a militante conhece os “bastidores da turma”. Eu digo: “Claro que conhece!” Participam do mesmo grupo, oras! Isso seria uma evidência para a consumação de sua sentença também?
            Ainda, afirma a revista: “estuda cinema”! Sim, “a mulher perigosa”, além de tudo é inteligente e tem dinheiro (aparentemente). E, além de eu ironizar, indago sobre a afirmação: “é boa de arrecadar dinheiro”: o que isso quer dizer, será?!
            Não me adentrarei a todos os pressupostos e subentendidos deixados como rastros discursivos sobre política, pois minha intenção aqui não é atacar a revista, mas destacar a rotulação realizada, debruçando meu olhar, como já mencionado, nos participantes e na carência de dados reais e específicos, melhorando a proporção entre conteúdo e discurso, fomentando a reflexão, a fim da justiça social.
            Eu sou totalmente contra atos de vandalismo e declarei na matéria anterior que um conhecido (socorrista) fora atacado pela polícia, expus meu pesar sobre isso, como sinto por todos os que não foram divulgados e também pelo cinegrafista.  No entanto, é uma grande injustiça, nós tecermos um balaio de assuntos, previamente costurados sob uma trama, de fios sem procedência especificada, com acabamento escolhido pela mídia, confeccionado e consumido de forma indiscriminada.
            Reflitamos, também, sobre o fato de um lugar público possibilitar e ampliar a presença dos “chamados” vândalos e que cada um corre o seu risco e arca com sua responsabilidade não somente ao sair de casa, mas ao viver!
            A intencionalidade é direito desde que nos permita um olhar crítico, além de todos os detalhes e coberturas possíveis.  Em entrevista, inclusive, a militante defende seus companheiros, o que é lógico, pois, nem todos os participantes são vândalos e ou foram responsáveis pela morte do cinegrafista. Ademais, nos permite concluir sobre a conscientização de cada um ao arcar com suas responsabilidades.
            Não há dúvidas de que os Black Blocks, na maioria das vezes, cometem atos desnecessários e prejudiciais ao bem estar público e, por um lado, denigrem a imagem do protesto em si. Sobretudo, cientes de que a grande mídia está à espera de mais um ato de vandalismo. Entretanto, será que se houvesse alguma resposta, negociação ou justiça, a atenção dos “peixes grandes” não poderia ser chamada de outras maneiras? Há que se refletir.





[1] Mini dicionário Sacconi

terça-feira, 4 de março de 2014

Namora comigo?


Outrora dizia: " se algo de amor acontecer... se deveras bom, emergirei à realidade. 
Abraçarei a vida, acolhendo suas dificuldades e docilidade!"


Doravante, pude proferir: "Não me importa que seja o único; o definitivo que me atrai - esse homem sobre quem deposito interesse - quem me faz orgulhar pelos meios e atirar sobre os fins. A ele, tão livre e seguro, dedicaria minha espera sem sacrificar-me. Ofereceria-lhe, sobretudo, parceria e senso de amizade.  Adoraria garantir-lhe sossego, quando disponível; despojamento, quando disposto. Sorriso, sempre."


Hoje, ainda, com o mesmo ideal, arrisco-me, por meio da intensidade fomentada, proveniente de um interior passional, sobre o qual ouso afirmar "estar" deixando "ser". Entrego-lhe a última escolha léxica que abarca a possibilidade de que nos conectemos, transpondo até mesmo, as tentativas (em vão) das dificuldades impostas pela distância e ausências, tão delicadas pois, caracterizariam sempre, a promessa de um novo encontro. 

Namora comigo?