Vício em computadores; mudanças nos
relacionamentos intra e interpessoais; transformações cognitivas e
comportamentais; mudança de hábito: culpa da Internet?
As
queixas são inúmeras e não deixa de ser uma grande verdade que, em muitos
casos, as formas de comunicação básicas estão sendo substituídas, nas relações
humanas, pelo teclado do computador, celulares, etc. Os adolescentes o fazem
(apontam pesquisas) por, basicamente, dois anseios:
· * Sensação de poder: controlar a máquina e
colocar em congruência o que você é, com aquilo que quer ser. Constrói-se, não
somente, uma imagem externa mas, sua auto imagem pois, qualquer interação
promove uma mudança, mesmo naquele que criou uma ação;
** Sensação de pertencimento: desta forma, pode-se criar uma outra imagem, num mundo em que as pessoas aceitarão pois, é construída a partir dos padrões impostos pela sociedade. São atitudes tomadas paralelamente a uma extensão de si; auto (re) criação, ou complemento sendo a internet utilizada de forma a sabotar, rastrear pessoas, etc.
Comenta-se muito sobre esse comportamento no
caso de adolescentes. No entanto, as pessoas parecem estar perdendo o foco e repousando seus olhares no meio/ mensagem e não no sujeito. E essa é uma grande pegadinha:
Muitos
dos pais que reclamam desse novo "hábito" adquirido por seus filhos,
agem da mesma maneira, podendo chegar até ao ponto de, não travarem contato
visual com os filhos, minando a paciência que já minguava na educação dos
mesmos. Sabemos que para "exemplificar" precisamos (inter) agir, não
falar. Assim como dissemos antes: as transformações ocorrem a partir da
interação, se os pais interagem com o meio em que os filhos estão inseridos
(mesmo que não diretamente com estes) desta maneira ou, até mesmo,
"ausentes de si", como poderão compreender o momento atual ou mesmo,
exigir algo diferente das crianças, tão autônomas e cheias de razão?
Muitos casais se desfazem e acredito, que
algumas vidas ou dignidades, também (em casos não revelados ou não divulgados,
por se passar em um menor e menos interessante contingente) por conta do uso indevido das redes
sociais. O fato é que a culpa não é da internet, nem
das redes. Lembremo-nos, primeiramente, que homens e mulheres nada criam, senão
com base em suas próprias necessidades. Legítimas ou não, quem somos nós para
julgar? Entretanto, é inerente aos atos humanos, após concluirem uma etapa, criar
uma próxima ou aprimorar a primeira. O estagnar não é natural e, embora sejamos
animais racionais, ainda temos uma parte (de baixa aceitação) histórica e
genética, que nos move. Ou seja, todo esse progresso tecnológico partira das
necessidades apresentadas por um novo mundo, que vive em constante transformação,
naturalmente.
O que acontece de errado é que as pessoas
não sabem se utilizar das regalias que a vida em evolução promove. Num grande
contingente como o ciberespaço, percebemos que muitas contas de redes são
invadidas; visualizadas inadequadamente; atitudes são tomadas indevidamente;
intimidades são reveladas, dentre muitos outros acontecimentos.
Quem faz isso? Homens e mulheres. Talvez,
incentivados pelas facilidades presentadas, mas que não se controlam diante da
possibilidade de violar a ética do contexto em que estão inseridos. São pessoas
que antigamente, talvez grampeassem linhas telefônicas e ouvissem as conversas
na extensão; abririam cartas alheias e, agora, aproveitam-se do fato de que
podem fazer essas coisas de forma mais eficaz e anônima pois, antigamente, um
julgamento errado na mídia, podia gerar problemas.
Se
algumas pessoas não têm controle de si mesmas diante desses dispositivos, devem
abster-se deles, porque o problema é interno e pessoal. E, mesmo assim, maus
caráteres que são, na ausência desses meios, agiriam de forma ilegítima em
qualquer outra circunstância.
Os
valores estão sendo substituídos, visando interesses pessoais s. A
culpa, está cada vez mais em voga, atribuída: às traidoras que foram filmadas
em sexo explícito com homens casados - ou aos adúlteros-; a quem expressou sua
opinião negativa sobre alguém em conversa privada; àquele que contou algum
segredo por meio do chat. NUNCA por quem adquiriu essas informações de forma
indevida!
Não me admira, porém, que alguns membros da
sociedade ajam de tal maneira, uma vez em que, assim fora desde tempos remotos
e até dentro das igrejas.
Dizemos, com facilidade, que o problema do
país está na educação, referindo-nos à escola. Eu diria que parte da solução é
inerente a ela. Porém, a educação só acontece quando sabemos sua definição.
Encontramo-na primeiramente em casa, temos estímulos motivadores, ética,
respeito e disciplina, como exemplo. Educação não depende somente do governo e
não está somente na escola. Talvez "o problema" de fato, esteja na
compreensão equivocada sobre o que é educação e nos locais diversos em que a
experimentamos e exercemos. Da mesma forma que os indivíduos não devem por meio dos computadores substituir as relações inter pessoais, os conceitos não devem ser confundidos,
de maneira particularmente conveniente.
Por
tudo isso, tentemos aceitar o fato de que a tão aclamada: "culpa" não
se deve atribuir à Internet. Podemos enxergar
as vantagens do progresso tecnológico pelas simples possibilidades de
uniões familiares à longa distância; compras de produtos raros e necessários;
informações fundamentais disponibilizadas; possibilidade de interação; facilidades
no trabalho, dentre outras. Ademais, muitos diretos humanos estão sendo reivindicados
com eficácia, por meio de organizações e manifestações, divulgadas na rede.
Não restam dúvidas, portanto, de que é o ser
humano, aquele que estabelece seu próprio caos.