quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Extrovertida ou introvertida?


            Debates sobre as constantes transformações por quê passamos, sobretudo, a partir da evolução tecnológica; o fim das barreiras (ou começo) comunicacionais e sua influência no comportamento e cognição, deveriam ser assuntos corriqueiros entre as pessoas. Porém, tais  fenômenos são somente relevados, com base teórica, porém, na prática, poucos ainda sabem como lidar com a situação.
            Pois bem, lá estava eu, numa consulta com o psiquiatra. Antes que você me pergunte o porquê, eu explico. As pessoas, às vezes, sofrem de uma falha comunicativa, sobretudo, diante de uma possível exaustão causada pelo conflito entre orgulho e convivência. Como aquele momento tão esperado, em que você engole uma pílula e se torna alguém diferente, com costumes diferentes, condizentes e adequados com o que o outro espera de você. Eu, por outro lado, pensei que seria bom se eu pudesse me encaixar sem ter que correr o risco de mais uma vez estar estragando tudo,ou fazendo algo de errado de novo.
Chegando lá, o médico me pergunta: "Você é eufórica"?

- Não.

- Não?

- Acho que o normal.

- Hmmm... normal... Extrovertida?

- Depende...

- É ou não é?

- Num dia normal, não. Sou tímida.

- Poucos amigos?

- Muitos.

- Então é extrovertida.

- É, com eles, sou.

- Sempre teve essas oscilações?

- Não tenho oscilações. Vim pela insônia.

- Tem, sim. Diz que é tímida e extrovertida...!

[Porra, DEPENDE DO CONTEXTO! No facebook eu não me comporto exatamente como me comporto em casa; que não é igual ao comportamento numa balada; que não se assemelha, nem um pouco, com a forma com que eu me comporto no mestrado. É preciso muito rebuscamento para que se saiba disso?]

            Não disse nada disso, no entanto. Mantive a elegância e a timidez, afinal, não tinha bebido e ele não era meu conhecido!

 - Então, gosta de beber.

- Quando saio... nem 1 vez por semana.

- Gosta de sair.

- Gosto.

- Então, não fica em casa.

- Fico.

- Mas não gosta.

- Adoro!

- Prefere, então.

- Não. Só acho mais fácil.

- Menos mal, assim para de beber.

- Não devo beber nem no Reveillon?

- Nunca mais!

- Aí, a introversão me mata.

- Esse é o perigo!

O pior de tudo isso é a gente querer achar um rótulo, só pra auxiliar no processo e não conseguir.

- 32 anos?

- Quase 33.

- Casada!

- Não...

- Só namora?

- Não, não tenho namorado.

            Engulo seco... por um momento, toquei no cantinho escondido. Há uns três dias, estava lidando melhor com "aquele" assunto. Mas parece que as pessoas não supõem que, embora seus relacionamentos não tenham nome (e acreditem, eu odeio isso) eles existem.

- Nada? Nem namorado?

[Lágrima me ameaçando horrores.]

-Não...!

["Não entrar no facebook hoje! Não entrar no facebook, hoje! - Code blue! Code blue! Porra! Eu tava começando a administrar melhor meu último 'alguma-coisa'!"]

- Mas, por quê?

            "Oi"? Minha vontade, bem grande, era dizer: " Meu chapa, se você arrumar o homem que eu escolher e convencê-lo a não sumir e não me tratar como "brother" depois de uma noite empolgante e romântica, eu pago cinco consultas em uma! Pode ir fazendo o contrato"!

[É minha a culpa de não estar com ninguém, mesmo? Porque já me parecia que havia algo de errado comigo. Agora, se qualquer um de vocês me disser que tenho qualquer tipo de transtorno, eu acredito.]

- Não tenho namorado porque não deu certo com o último.

["Aquele maldito! Tão lindo e inteligente ...tento enviar mais uma mensagem? Nunca! Nem no leito de morte! Mas e se for culpa minha? Code blue! Code blue"!]

- Mas...precisa namorar, faz bem.


            Bem, aqui não sabemos se ele se refere ao "alívio" - e, se for, alguém precisa avisá-los (sim, no plural) de que isso eu faço sozinha- ou a um relacionamento. Porque pela 1000 vez, alguém dá a entender que eu não posso estar bem sozinha e que, se estou, é uma escolha muito perigosa. Valha-me Deus!

[Lembrando, ainda e intensamente, agora, de todas as características, traços, timbre, cheiros e diálogos, da minha última história mal sucedida.]

Diz o médico:

- Você me parece meio deprimida.

- Bem, é que você tocou num assunto...

- Mas um pouco hiperativa.

- É que tenho estado uma pilha, ultimamente.

[E, que tal agora, um AVC?]

- Academia não serve pra nada, não adianta correr atrás de títulos. Mestrado ou doutorado?

- Mestrado.

 - De qualquer maneira, não beba nunca mais. Isso é cultural, não é um gosto verdadeiro!

[Claro, minha gente. Da mesma forma que "casar" resolveria todos os meus problemas.]

- Saia mais, estude menos, namore!

[Sim, paga aí um homem interessante, que fique comigo até a semana seguinte sem estar quase morto de carência, ou ser o "Joselito" do pedaço.]

- Seu remédio para a oscilação de humor...

- Você ainda acha que sou bipolar!


- Não, não. é que faz bem, é gostosinho...!

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